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ATé ONDE A PESQUISA NOS LEVA?

[Primeiramente gostaria de pedir desculpas a todos os leitores do blog, pela ausência de certos acentos no meu texto. O que ocorre é que estou escrevendo este pequeno depoimento de um computador não brasileiro, que não possui em seu teclado certas ferramentas de acentuação. Mil desculpas a todos que ficarem confusos ao ler "esta", sem entender que se trata da conjugação do verbo estar!]

Como vocês ja sabem, caros leitores, este blog pertence a um Grupo de PESQUISA. Muitas vezes as pessoas reagem com estranhamento quando nos apresentamos assim. O que significa isso afinal? O que vale fazer parte de um Grupo de Pesquisa? De que adianta pesquisar em dias como hoje que a pratica por si so ja nem precisa de um minimo embasamento?

Acredito que esse nosso perfil esta intimamente relacionado com a nossa formação enquanto educadores. Quando eramos alunos (ainda somos alunos, na verdade), e somente "alunos", ja pensavamos como educadores. Na época seria arrogância dizer isso, mas hoje vejo que era isso que ocorria. Nunca estavamos satisfeitos com o que nos era oferecido em termos de formação acadêmica. Queriamos mais e melhor, sempre! Hoje me parece que, de certa forma, percebiamos que todos os blablablas seriam inuteis quando estivessemos frente a frente com os problemas e profundos questionamentos que o ato de ensinar implica.

E enquanto alunos, essa inquietação também se traduziu numa curiosidade teorica, numa necessidade de se buscar mais em termos de conhecimento cientifico. Investigar a fundo sobre a pratica artistica e sobre os problemas que nos afligiam, em nossos caminhos pessoais. Nossas pesquisas nasceram dessa primeira inquietação, desse primeiro "e se eu buscasse mais sobre essa questão?". Cada um a seu modo, em busca de sanar alguma curiosidade especifica, esta sempre à procura de novas respostas, de novas perspectivas acerca deste mesmo assunto que nos une....o ato de ensinar teatro.

E o que nos une enquanto grupo não é apenas o ato de ensinar em si, mas
justamente a necessidade de pensar o ato, de desmembra-lo, desdobra-lo, reve-lo, muda-lo, re-significa-lo constantemente. E para isso, temos como base a melhor de todas as bases: a relação entre suporte teorico e experiência pratica... Escrevo este texto num momento em que dois dos três membros do grupo se vêem mergulhadas no universo acadêmico dessa busca, uma terminando o mestrado (a Nara) e outra começando (eu mesma).

Não tecerei aqui comentarios sobre a experiência da minha colega de grupo, pois essa é uma experiência extremamente pessoal e tenho certeza que assim que possivel, ela deixara aqui seu depoimento também. Estou aqui para deixar o meu depoimento, o meu incentivo a todos e a todas que sentem também a nossa inquietação, essa necessidade de buscar mais...

Durante a graduação, me engajei num projeto de pesquisa, do qual fui bolsista por dois anos e do qual durante um ano ainda fui voluntaria. Este projeto, orientado pelo Prof. Dr. José Ronaldo Faleiro, se dedicava a pesquisar as muitas facetas da produção de um importante nome do Teatro Francês, um senhor chamado Jacques Copeau. Desde o principio me interessei pelo tema pois ja havia lido alguns textos que faziam referência a Copeau, textos que tratavam de temas que me instigavam. Uma vez no grupo, me debrucei sobre a questão da formação do ator, uma das heranças mais ricas deixadas por Copeau para o teatro do século XX e o meu maior interesse na area do teatro. Depois dos dois primeiros anos de pesquisa, muita leitura, catalogação, levantamento, organização e analise de dados, toda a minha produção foi reunida e sintetizada no meu Trabalho de Conclusão de Curso, defendido em 2006.

Mesmo tendo sentido que havia fializado aquela fase com a qualidade e a dedicação maximas possiveis, sabia que, de fato, minha formação ainda estava incompleta. Minha investigação ainda não estava acabada. E assim, me preparei e organizei durante um ano para fazer um mestrado que me permitisse uma busca ainda mais aprofundada sobre este mesmo tema, agora ainda acrescido de novas perspectivas e referências.

Lembro dos colegas e professores que riam ou torciam o nariz para a minha exigência durante a graduação... Lembro de ser alvo de comentarios irônicos e puxadas de tapete, por não ter nenhuma vergonha de exigir qualidade de ensino, de pesquisa e de orientação. Evidente que, esta mesma exigência sempre esteve presente em tudo que eu mesma fiz, pois nunca me contentei em produzir qualquer coisa, so para inglês ver. E apesar de ter sido mais dificil assim, e de ter despertado a ira de uns e a falta de escrupulos de outros, não me arrependo de ter sido exigente comigo e com o mundo, em nenhum momento. Querer mais me trouxe aqui, onde ninguém disse que eu chegaria...so os bons amigos de sempre!

E ca estou eu, prestes a iniciar um novo capitulo da minha formação... Um capitulo que sempre considerei necessario e que agora vou cosntruir, a todo custo, mas com a mesma exigência de sempre!

Por isso caros leitores, não se deixem esmorecer porque parece mais facil acomodar-se na mediocridade do não-saber! Se existe em vocês uma vontade de buscar, uma necessidade de ter e oferecer mais ao mundo, não se deixem contaminar por aqueles que preferem o conforto ao desafio! Desafiem-se! Mergulhem de cabeça nas perguntas... e cada problema trara uma nova questão, um novo sentido, um novo olhar sobre o mundo, e sobre você mesmo! Mãos à obra!


MARIANA SCHMITZ