Acho que está na hora de lançar algumas reflexões sobre os últimos acontecidos do grupo....
Da última vez que escrevi falei um pouco sobre o que vinha sendo do feito na Escola Básica Municipal Maria Conceição Nunes, onde eu dou aula há mais de seis anos.
Estamos lá, minha gente, FAZENDO TEATRO.
Acabamos de ganhar uma das cotas do Edital de fomento à cultura do Governo do Estado .
A Procurando Riso Cia Teatral é um grupo de teatro que nasceu na escola. Ele é completamente formado por ex-alunos de teatro do ensino fundamental do Projeto Shakespeare no Rio Vermelho. Todos tiveram seu primeiro contato com o Teatro na Escola seja no currículo ou no extra-curricular (mas a maioria participou de alguma montagem de Shakespeare na escola).
O que eles fizeram....
Eles montaram Shakespeare. Eles dominaram o jogo teatral na sala de aula de uma escola publica.
O espetáculo que concorreu e ganhou o edital do Governo do Estado foi Confusões entre o Céu e a Terra.
Esse espetáculo nasceu de uma pesquisa de montagem que durou quase o ano passado todo. Ele teve pelo menos quatro elencos diferentes. A narrativa foi se desenvolvendo. Multiplicamos os cangaceiros, trocamos algumas vezes de Susis e Nices (personagens da peça). Ganhamos a preciosa colaboração de Juliano Thomaz que assina também a direção (a maquiagem e muito mais...) E suprimimos alguns personagens multiplicamos outros tantos. Ainda assim o espetáculo que, para o grupo já havia sido encerrado, agora simplesmente voltou.
O grupo vem trabalhando desde o inicio do ano, no nosso novo projeto.O novo espetáculo será criado a partir do texto de Nicolai Gogól, O Inspetor Geral.
Alguns de nossos amigos e parceiros já vieram nos ajudar neste ano- fizeram oficinas com os alunos. Foram eles: Geraldo Cunha, com uma oficina de Quedas e iniciação à acrobacia, Luana Wedekin e Alessandro Lohmeyer com uma rápida pincelada na ioga e em mitos, Mariana Schmitz e uma oficina sobre ação (já direcionada para a nova montagem e já relatada no blog em posts anteriores ) e o delicioso almoço com o poeta e amigo César Felix. Bem, o engraçado é que desde o inicio do ano, com o atraso do resultado do Edital, acabou virando piada entre nós do grupo a possibilidade de sermos selecionados...De vez em quando, no meio de nosso trabalho um virava e soltava:
"-Imagina só se a gente for selecionado no edital.." Havia uma pausa e todos nós ríamos!!!!
E aí um ou outro ainda lembrava: “Meu Deus!!! Vou ter que ressuscitar tal personagem!!!!”
Agora, é inevitável pensar que tudo deu certo.
Temos que agradecer a todos que nos ajudaram. Nossos apoiadores são o “Empório Mineiro café” e a marca de maquiagens Catherine Hill make-up, além da prefeitura Municipal de Florianópolis.
Temos que agradecer todos os atores que passaram pelo grupo e que de alguma forma, contribuíram para a construção dos personagens e da história da peça.
Gostaria de agradecer ao Grupo de Pesquisa, que , com nossas discussões, acaba se transformando num espaço de crescimento e aprimoramento da prática...
Meu único sentimento é que estou orgulhosa dos meus queridos (e esforçados) alunos´-atores. Aliás, quero avisá-los que não uso mais essa história de alunos-atores. A partir de agora chamo-os simplesmente de ATORES. Atores que vão ganhar o seu primeiro cachê, pequeno, mas suado, honesto, merecido.
Parabéns...
A todos nós....
Até mais
Edital é reconhecimento do trabalho....
Postado por Oficina da Poesia em Cena às 06:30
Marcadores: Nara Micaela Wedekin
REENCONTRO
Postado por Oficina da Poesia em Cena às 17:02
Marcadores: Mariana Schmitz
Encenadores-pedagogos e Pedagogos-encenadores..
Caros leitores...
Hoje me peguei pensando novamente numa questão que de vez em quando reaparece no meu horizonte de reflexões sobre a pratica do teatro e a formação em teatro. Qual a importância do encenador para o pedagogo e qual a importância do pedagogo encenador?
Esta fronteira (que é bem mais uma linha pontilhada que uma linha cheia) me interessa principalmente em função da minha pesquisa para o mestrado. Estou pesquisando a vocação e a pratica pedagogica de Jacques Copeau, que é um bom exemplo de encenador que era pedagogo e pedagogo que era encenador. Como Stanislavski, foi ator durante muito tempo, encenador durante mais um longo periodo e depois passou a concentrar seus principais esforços na formação das novas gerações de atores. Ambos mantiveram suas carreiras de encenadores até o fim de seus dias, muito embora seu grande ideal fosse a criação, aplicação e sistematização de um novo método de formação de atores. Copeau na França, Stanislavski na Russia, ambos foram simbolo da luta por um novo teatro, baseado em principios muitas vezes comuns, como a negação do cabotinismo, a disciplina e a dedicação absolutas, a pesquisa e o trabalho de purificação constantes. Ambos começaram como atores e depois como encenadores de sucesso, seu desejo era fazer teatro. Mas logo eles descobriram que o teatro, sendo a arte do ator, não poderia jamais ser tudo que eles almejavam que fosse enquanto o ator não estivesse preparado para criar. Na virada para o seculo XX, os atores ainda eram meros interpretes. As peças eram montadas às centenas, rapidamente, apos um trabalho que se resumia ao estudo e à preparação da declamação do texto. Aos atores cabia o papel de dar ao texto as entonações indicadas e fazer as movimentações de palco necessarias. Claro que alguns atores, avidos por oferecer ao publico mais que uma simples forma vazia, pesquisavam seus papeis a fundo, se desafiavam a "encarnar" cada vez mais perfeitamente seus papéis, com o objetivo sincero de emocionar seu publico. Infelizmente, via de regra, estas exceções contavam apenas com seu proprio afinco e sua dedicação para atingirem seus objetivos. Faltavam-lhes dois elementos essenciais no desenvolvimento de uma tecnica: um mestre e um método de trabalho. Tanto Stanislavski quanto Copeau dedicaram sua vida a preencher estes dois vazios. Stanislsvski, sem duvida , obteve mais sucesso nesta empreitada. Apesar de Copeau ter escrito muito, provavelmente mais que Stanislavski, a maioria de seus escritos so foi reunida, organizada e publicada muitos anos apos sua morte. Stanislavski, ao contrario, teve poucos volumes publicados, porém estes foram publicados em vida e seu primeiro livro, MY LIFE IN ART (Minha vida na arte) foi publicado primeiramente em inglês, quando Stanislavski estava nos E.U.A, em 1923. Apesar da versão americana ser arduamente criticada pelos obvios problemas de tradução (Stanislavski ditou o livro em russo para sua assistente e um senhor russo chamado J.J. Robbins traduziu para o inglês, supostamente alterando expressões e editando partes do texto original), ela garantiu que a figura Stanislavski e, por consequência, suas pesquisas e teorias, ganhassem o mundo. O mesmo não aconteceu com os escritos de Copeau, que até hoje nunca foram publicados em português, por exemplo. Ainda assim, ambos concentraram suas inquietudes a respeito do oficio do ator, se dedicando à sistematização de um método. Cada um a sua maneira, -tendo como herança as tradições e culturas de seus respectivos paises, e considerando diferentes influências e confluências estéticas, - buscou realizar sua meta. Durante sua pratica de encenadores, acumularam lacunas a preencher, questões a responder e objetivos a perseguir. Depois, pesquisavam meios de resolver esses problemas tecnicos, experimentando metodos e exercicios com seus pupilos. O que sabiam enquanto encenadores alimentava suas buscas enquanto educadores e o que descobriam enquanto formadores alimentava suas criações enquanto encenadores. Como gênios que foram, partiram de um mesmo principio que é até hoje não somente valido, quanto em grande medida, inquestionavel: a criação teatral é obra maxima do ator. Na ausência de um ator preparado para a criação artistica, não ha fenômeno teatral autêntico que sobreviva.
E desta forma, enquanto nos depararmos com atores despreparados, abandonados às suas proprias formulas e clichés falidos, e sobretudo porque o aprendizado do oficio do palco nunca se esgota, o encenador ainda vai precisar do pedagogo. Mesmo que ele não confesse.
Postado por Oficina da Poesia em Cena às 05:39
Marcadores: Mariana Schmitz, pesquisa
2008... Mais um ano de trabalho!
Caros leitores...
No ano de 2008, a Oficina de Poesia em Cena, (completando 2 anos de existência) trabalhou mais do nunca. No ano passado conseguimos muitas vitórias!
No primeiro semestre demos início aos trabalhos, cada membro em suas respectivas instituições, montando os projetos. Em junho participamos do 2º FITA (festival Internacional de Teatro de Animação) sobre o qual já comentamos outro post deste blog.
Em seguida, no mês de agosto, realizamos a oficina teatral Em Busca do Seu Próprio CLOWN: uma introdução ao jogo clownesco. Foram 16 horas de oficina ministradas por Geraldo Cunha, numa turma de 10 pessoas, contando com o apoio cultural do Grupo Siri Goiá que através de Osvaldo Pomar nos disponibilizou o espaço. Também como apoiador, contamos com o empório Uai di Minas – O Trem de Queijo, através de Angela, Carlos e Tereza que nos disponibilizaram o material gráfico.
Passado mais alguns meses, realizamos no final de outubro a primeira temporada da Cia Teatral Procurando Riso, formada por alunos e ex-alunos da E.B.M. Maria Conceição Nunes do bairro Rio Vermelho, sob direção de Nara Wedekin e de Juliano Thomaz. Aconteceu no teatro da Igrejinha da UFSC, graças ao DAC (Departamento Artístico Cultural), nos dias 24, 25 e 26, contando com o apoio de Catherine Hill, empresa de maquiagens teatrais, com matriz em São Paulo, que disponibilizou diversos produtos e a quem deixamos nosso sincero agradecimento pela confiança e consideração. O espetáculo, “Confusões entre o Céu e a Terra”, foi uma criação coletiva baseada em Poesias de Cordel e em trechos do livro “Palavras Andantes” de Eduardo Galeano. A temporada foi uma grande realização no sentido de que conseguimos montar um grupo unido e respeitoso, onde todos os membros do grupo são estudantes adolescentes: desde de atores, até contra-regras, cenógrafos, assistente de direção, iluminador e sonoplasta.
Destaco este aspecto do trabalho pois muitas vezes, em montagens deste tipo, se colocam atores profissionais ou mais experientes (quando não são os próprios professores) em determinados papéis para contracenar com os estudantes. E isto, por excesso de preocupação com o produto final em detrimento do processo e da experiência vivida, da formação de cada indivíduo que se compromete com a encenação. O que é um erro, pois não formamos necessariamente atores profissionais... formamos pessoas antes de qualquer coisa.
Em novembro e início de dezembro ocorreram as apresentações de final de ano. No Rio Vermelho, no quinto ano do projeto Shakespeare no Rio Vermelho, coordenado pela professora Nara Wedekin, foram apresentadas para os três turnos da escola as encenações: “A Megera Domada” baseada na obra de Willian Shakespeare — montagem de duas 8ªs sérias realizada na rampa da escola; e novamente “Confusões Entre o Céu e a Terra”. Já no Colégio Guarapuvu o grupo de teatro extracurricular dirigido por Juliano Thomaz realizou duas apresentações nos turnos matutino e vespertino da esquete “Diário de Um Mordomo”.
Enfim, este foi o ano de 2008 para nós da Oficina da Poesia em cena.
Que 2009 seja ainda melhor!!!!
Postado por Oficina da Poesia em Cena às 12:46
Marcadores: Juliano Thomaz, montagens e cia.
Etienne Decroux - videos
Postado por Oficina da Poesia em Cena às 14:31